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Devido ao agravamento do problema de saúde do Prof. Celso Waack Bueno, a edição deste blogue estará suspensa temporariamente.

quinta-feira, 3 de outubro de 2013

Guatemala

O riquíssimo artesanato guatemalteco, vendido a preços muito baixos nos mercados populares, especialmete em Chichicastenango, para reaparecer a altos preços nas lojas da América do Norte e da Europa.

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Neurocirurgia e cérebro saudável


Entrevista com o Dr. Paulo Niemeyer Filho – neurocirurgião que, recentemente, devolveu ao Maestro João Carlos Martins os movimentos no braço e mão esquerda, através de cirurgia no cérebro. Ele nos relembra os cuidados que devemos ter para manter uma mente sã, em entrevista à revista PODER.

PODER: O que fazer para melhorar o cérebro?

Resposta: Você tem de tratar do espírito. Precisa estar feliz, de bem com a vida, fazer exercício. Se tu estás deprimido, reclamando de tudo, com a autoestima baixa, a primeira coisa que acontece é a memória ir embora; 90% das queixas de falta de memória são por depressão, desencanto, desestímulo. Para o cérebro funcionar melhor, você tem de ter alegria. Acordar de manhã e ter desejo de fazer alguma coisa, ter prazer no que está fazendo e ter a autoestima no ponto.

PODER: Cabeça tem a ver com alma?

PN: Eu acredito que a alma está na cabeça. Quando um doente está com morte cerebral, você tem a impressão de que ele já está sem alma... Isso não dá para explicar, o coração está batendo, mas ele não está mais vivo. Isto comprova que os sentimentos se originam no cérebro e não no coração.

PODER: Você acha que a vida moderna atrapalha?

PN: Não, eu acho a vida moderna uma maravilha. A vida na Idade Média era um horror. As pessoas morriam de doenças que hoje são banais de ser tratadas. O sofrimento era muito maior. As pessoas morriam em casa com dor. Hoje existem remédios fortíssimos, ninguém mais tem dor.

PODER: Existe algum inimigo do bom funcionamento do cérebro? 

PN: Todo exagero.

Na bebida, nas drogas, na comida, no mau humor, nas reclamações da vida, nos sonhos, na arrogância, etc.
O cérebro tem de ser bem tratado como o corpo. Uma coisa depende da outra.
É muito difícil um cérebro muito bom num corpo muito maltratado, e vice-versa.

PODER: Qual a evolução que você imagina para a neurocirurgia?

PN: Até agora a gente trata das deformidades que a doença causa, mas acho que vamos entrar numa fase de reparação do funcionamento cerebral, cirurgia genética, que serão cirurgias com introdução de cateter e colocação de partículas de nanotecnologia, em que você vai entrar na célula com partículas que carregam dentro delas um remédio que vai matar aquela célula doente que te faz infeliz. Daqui a 50 anos ninguém mais vai precisar abrir a cabeça.

PODER: Você acha que nós somos a última geração que vai envelhecer?

PN: Acho que vamos morrer igual, mas vamos envelhecer menos. As pessoas irão bem até morrer. É isso que a gente espera. Ninguém quer a decadência da velhice. Se você puder ir bem mentalmente, com saúde e bom aspecto, até o dia da morte, será uma maravilha.

PODER: Hoje a gente lida com o tempo de uma forma completamente diferente. Você acha que isso muda o funcionamento cerebral das pessoas?

PN: O cérebro vai se adaptando aos estímulos que recebe, e às necessidades. Você vê pais reclamando que os filhos não saem da internet, mas eles têm de fazer isso porque o cérebro hoje vai funcionar nessa rapidez. Ele tem de entrar nesse clique, porque senão vai ficar para trás. Isso faz parte do mundo em que a gente vive e o cérebro vai correndo atrás, se adaptando.

PODER: Você acredita em Deus?

PN: Geralmente depois de dez horas de cirurgia, aquele estresse, aquela adrenalina toda, quando acabamos de operar, vamos até a família e dizemos: "Ele está salvo". Aí, a família olha pra você e diz:"Graças a Deus!". Então, a gente acredita que não fomos apenas nós, que existe algo mais, independente de religião.


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A recuperação do rico

Paul Krugman

Poucos dias atrás, o "New York Times" publicou uma reportagem sobre uma sociedade que está sendo minada pela extrema desigualdade. Essa sociedade alega recompensar os melhores e mais brilhantes, independentemente do histórico familiar. Na prática, entretanto, os filhos dos ricos se beneficiam de oportunidades e contatos não disponíveis para os filhos de classe média e trabalhadora. E ficou claro a partir do artigo que a desigualdade entre a ideologia de meritocracia da sociedade e sua realidade cada vez mais oligárquica está surtindo um efeito profundamente desmoralizante. 

A reportagem ilustrou de modo sucinto o motivo da extrema desigualdade ser destrutiva, por que soam vazias as alegações de que a desigualdade de renda não importa desde que haja igualdade de oportunidade. Se os ricos são tão mais ricos do que o restante a ponto de viverem em um universo social e material diferente, esse simples fato transforma em tolice qualquer noção de oportunidade igual. 

A propósito, de que sociedade estamos falando? A resposta é: a Escola de Administração e Negócios de Harvard, uma instituição de elite, mas que agora é caracterizada por profunda divisão interna entre estudantes comuns e estudantes de famílias ricas. 

O fato, é claro, é que o que acontece na escola também acontece nos Estados Unidos --um fato apontado pelos dados mais recentes sobre as rendas dos contribuintes.

Os dados em questão foram compilados ao longo da última década pelos economistas Thomas Pikett e Emmanuel Saez, que usaram números da Receita Federal para estimar a concentração de renda nos Estados Unidos. Segundo a estimativa deles, as fatias superiores de renda receberam um golpe durante a Grande Recessão, à medida que coisas como ganhos de capital e bônus de Wall Street secaram temporariamente. Mas os ricos se recuperaram, a ponto de 95% dos ganhos da recuperação econômica desde 2009 terem ido para o famoso 1%. Na verdade, mais de 60% dos ganhos foram destinados ao 0,1% superior, pessoas com rendas anuais superiores a US$ 1,9 milhão. 

Basicamente, enquanto a grande maioria dos americanos ainda vive em uma economia deprimida, os ricos recuperaram quase todas as suas perdas e estão avançando ainda mais. 

Um aparte: esses números deveriam (mas provavelmente não vão) finalmente matar as alegações de que a crescente desigualdade envolve apenas os mais bem educados se saindo melhor do que aqueles com menor formação. Apenas uma pequena fração daqueles com formação universitária chega ao círculo encantado do 1%. Enquanto isso, muitos, até mesmo a maioria, dos jovens com ensino superior estão tendo muitas dificuldades. Eles têm diplomas, frequentemente obtidos por alto endividamento, mas muitos permanecem desempregados ou subempregados, enquanto muitos se veem em empregos que não utilizam sua educação cara. O sujeito com diploma universitário servindo café no Starbucks é um clichê, mas ele reflete uma situação muito real. 

E o que está provocando esses ganhos imensos de renda no topo? Há um debate intenso a respeito, com alguns economistas ainda alegando que rendas incrivelmente altas refletem contribuições comparavelmente incríveis à economia. Eu acho que vale notar que grande parte dessas rendas superaltas vêm do setor financeiro, que é, como você pode lembrar, o setor que os contribuintes tiveram que resgatar após seu colapso iminente ter ameaçado levar consigo toda a economia. 

De qualquer modo, seja lá o que estiver causando essa crescente concentração de renda no topo, o efeito dessa concentração está minando todos os valores que definem os Estados Unidos. Ano a ano, nós estamos nos afastando de nossos ideais. Privilégio herdado está acabando com a igualdade de oportunidade; o poder do dinheiro está acabando com a eficácia da democracia. 

E o que pode ser feito? Por ora, o tipo de transformação que ocorreu sob o New Deal --uma transformação que criou uma sociedade de classe média, não apenas por meio de programas de governo, mas aumentando enormemente o poder de barganha dos trabalhadores-- parece politicamente fora de alcance. Mas isso não significa que devemos desistir de passos menores, iniciativas que nivelem ao menos um pouco o campo de jogo. 

Veja, por exemplo, a proposta de Bill de Blasio, que ficou em primeiro nas primárias democratas de terça-feira e provavelmente será o próximo prefeito de Nova York, de fornecer ensino pré-escolar universal, pago com uma pequena sobretaxa sobre aqueles com rendas acima de US$ 500 mil. Os suspeitos habituais, é claro, estão gritando e falando sobre seus sentimentos feridos; eles têm feito muito disso nos últimos anos, mesmo quando fazem papéis de bandidos. Mas certamente isso é exatamente o tipo de coisa que deveríamos fazer: taxando a riqueza dos cada vez mais ricos, ao menos um pouco, para expandir as oportunidades para os filhos dos menos afortunados. 

Alguns comentaristas já estão sugerindo que a ascensão inesperada de De Blasio é o início de um novo populismo econômico, que sacudirá todo nosso sistema político. Isso parece prematuro, mas espero que estejam certos. Pois a desigualdade extrema ainda está crescendo --e está envenenando nossa sociedade. 

(Tradutor: George El Khouri Andolfato.Noticias.uol.com.br)

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Física indiana denuncia ditadura da indústria alimentícia

A ativista indiana Vandana Shiva, 59, que veio ao Brasil para fazer palestras sobre temas da Rio+20, durante o 3º Encontro Internacional de Agroecologia, em Botucatu, Estado de São Paulo.

Considerada a inimiga número um da indústria de transgênicos, a física e ativista indiana Vandana Shiva afirma que há uma ditadura do alimento, onde poucas e grandes corporações controlam toda a cadeia produtiva. E dá nome aos bois: Nestlé, Cargil, Monsanto, Pepsico e Walmart.
"Essas empresas querem se apropriar da alimentação humana e da evolução das sementes, que são um patrimônio da humanidade e resultado de milhões de anos de evolução das espécies", diz.
Crítica feroz à biopirataria, Shiva ressalta que a única maneira de combater o controle sobre a alimentação é o ativismo individual na hora de consumir produtos mais saudáveis e de melhor qualidade.

É possível alimentar o planeta sem usar transgênicos?
O único modo de alimentar o mundo é livrando-se das sementes transgênicas. Essas sementes não produzem alimentos, mas produtos industrializados. Como isso poderia ser a solução para fome? Só estão criando mais controle sobre as sementes. Desde 1995, quando as corporações obtiveram o direito de controlar as sementes, 284 mil fazendeiros cometeram suicídio na Índia. Nós perdemos 15 milhões de agricultores por causa de um design de produção agrária criado para acabar com a agricultura familiar.

Como mudar a alimentação do modelo agroindustrial para outro baseado na produção familiar e na distribuição local?
As pequenas fazendas produzem 80% dos alimentos comidos no mundo. As indústrias produzem commodities. Apenas 10% dos grãos de milho e soja são comidos por pessoas; o resto é 'comido' pelos carros, como biocombustíveis, e por animais. É possível elevar esses 80% para 100% protegendo a biodiversidade, a terra, os fazendeiros e a saúde pública. É apenas por meio da agroecologia que a produtividade agrícola pode aumentar.

Como as grandes corporações dominam a cadeia mundial de alimentos?
Se você olha para as quatro faces que determinam nossa comida, são todas controladas por grandes corporações. As sementes são controladas pela Monsanto por meio dos transgênicos; o comércio internacional é controlado por cinco empresas gigantes; o processamento é controlado por outras cinco, como a Nestlé e a PepsiCo; e o varejo está nas mãos de gigantes como o Walmart, que gosta de tirar o varejo dos pequenos comércios comunitários e com conexões muito diretas entre os produtores de comida e os consumidores. São correntes longas e invisíveis, onde 50% dos alimentos são perdidos.
Temos sim uma ditadura do alimento. A razão que eu viajei todo esse caminho até o Brasil é porque eu sou totalmente a favor da liberdade alimentícia, porque uma ditadura do alimento não é só uma ditadura. É o fim da vida.

Como as corporações chegaram a esse domínio?
Infelizmente, o chamado livre comércio trouxe a liberdade para as corporações, mas não para as pessoas. As corporações estão escrevendo as regras e se tornando os governantes.
Os direitos intelectuais acordados entre as organizações mundiais foram escritos pela Monsanto. Para eles, o problema era que os fazendeiros estavam guardando as sementes. E a solução que ofereceram foi dizer que guardar as sementes agora é um crime de propriedade intelectual. É isso o que dizem as regras da OMC. A Índia, o Brasil, a América Latina e a África deveriam dizer: 'Você não pode patentear a vida porque a vida não foi inventada. Pare com a biopirataria'.
Até agora, a revisão dessas regras não foi permitida, o que mostra que essas corporações ditam as regras. E não é apenas na OMC. A Monsanto escreveu o ato de proteção para o orçamento nos EUA. O vice-presidente da Cargill foi designado para escrever a lei de comércio e agricultura dos EUA.

É possível modificar esse cenário?
A única maneira de reverter essa situação é cada pessoa fazer seu papel de recuperar a liberdade e a democracia do alimento. Afinal, cada um de nós come duas ou três vezes ao dia. E o que nós comemos decide quem somos, se nosso cérebro está funcionando corretamente, ou nosso metabolismo está saudável ou, se por conta de micronutrientes, estamos nos tornando obesos. Isso afeta todo mundo: os mais pobres porque lhes foi negado o direito à comida; mas até os que podem comer porque não estão comendo comida. Chamo isso de anticomida, porque a comida deveria nos nutrir. A comida mortal que as corporações estão trazendo para nós destrói a capacidade da comida de nos nutrir e no lugar disso está nos causando doenças.
Cada um de nós deve se tornar um forte ativista da liberdade da comida e das sementes no nosso dia a dia. O que significa que temos que apoiar mais os fazendeiros e a agroecologia. Devemos ser comprometidos com a alimentação saudável.

Qual a importância do Brasil nesse jogo?
O Brasil tem um papel muito importante. De um lado, está uma agricultura altamente destrutiva e irresponsável, mantida pelas corporações, levando transgênicos, produtos químicos e piorando a fome. Do outro lado, está o modelo agroecológico, caracterizado pela diversidade, conhecimento popular, o melhor da ciência, e levando efetivamente comida às pessoas. Essa disputa está ocorrendo justamente aqui, no Brasil.
Provavelmente, o Brasil tem a maior proporção de diversidade de alimentos em sua agricultura. No entanto, a maior parte não é usada para a alimentação humana. Por exemplo, as plantações de cana-de-açúcar e soja vão para a alimentação de animais e para fabricação de combustíveis.
O Brasil é parte do que eles chamam de Brics. Eu não gosto de 'tijolos'. Eu prefiro plantas. Mas é um forte jogador na cena global, e os jogadores vão decidir como os outros jogam.

Qual o papel da sociedade urbana em relação à agricultura familiar?
É muito feliz. Não porque eu acredito que as áreas urbanas têm mais riqueza e mais poder, mas porque, por terem mais riqueza, têm mais responsabilidade. E porque eles controlam a tomada de decisões, tanto em termos de governamentais como a sua própria atitude em termos de consumo. Se eles mudassem sua postura de consumo para longe das corporações, comprando, sim, alimentos dos pequenos produtores, eles ajudariam não apenas o agricultor familiar, mas também ajudariam a Terra e seus próprios corpos.
Recentemente o presidente da Nestlé afirmou que é necessário privatizar o fornecimento da água.

Quais as consequências desse processo?
Tudo que é essencial à vida desde o começo da história, em todas as culturas, tem sido reconhecido como pertencente à sociedade. E isso inclui a semente, porque a semente é a base da comida, inclui a água porque água é vida. E são esses recursos que essas corporações gigantes querem enclausurar. Essas são as novas inclusões comerciais. Assim como na Inglaterra, eles enclausuraram a terra, e a tiraram dos camponeses para terem a revolução industrial.
Hoje, as corporações gigantes estão assumindo os bens comuns que são as sementes, a biodiversidade, a água. Quando a Nestlé diz que é necessário privatizar a água, eles estão, obviamente, pensando na necessidade de aumentar os lucros deles. Eles não estão pensando na necessidade dos aquíferos de serem sustentados e recarregados, porque corporações somente podem construir uma economia extrativa. Se eles privatizam a água, eles vão somente tirar a água para eles, o que significa que as comunidades locais são deixadas sem água. Então é um assalto.
As Nações Unidas têm de reconhecer que o direito à água é um direito humano. A Coca-Cola agora quer entrar no meu vale, um vale lindo no Himalaia, chamado Dune Valey. Em maio nós iniciamos uma campanha porque a privatização da água por essas empresas de engarrafamento significa, primeiro, que o direito universal à água é destruído. O aquífero, que pertence a todos, está agora engarrafado numa garrafa de 10 rupis que pode é acessível só aos ricos. Os pobres bebem apenas água contaminada.
A segunda coisa é que ela destrói água, e eu não sei por quanto tempo essa mineração poderá aguentar. A terceira é que ela polui. Sobram poucas fontes de águas puras, e, se eles realmente se importassem, deveriam limpar o pouco que sobra, ao invés de roubar o que resta limpo. Isto é roubo de água e, portanto, um crime contra a humanidade.
Essa dependência da Coca-Cola é um dos vícios da vida moderna. Nós temos muito mais bebidas saudáveis.
Na Índia, começamos uma campanha para as avós ensinassem aos seus netos as bebidas geladas que elas costumavam fazer. Somos um país tropical, sabemos como transformar qualquer fruta em uma bebida saborosa: um suco de manga crua, que é ótimo para prevenir insolação, uma mistura maravilhosa de sete grãos, que é como uma refeição completa e, se tomada no café da manhã, você não precisa de mais nada. As bebidas venenosas que são vendidas pela Nestlé e pela Coca-Cola roubam o nosso dinheiro, a nossa água e a nossa cultura.

Qual é a forma alternativa à globalização?
Originalmente, o livre comércio deveria reconhecer a liberdade de todas as espécies e por isso não destruiria nenhuma espécie nem ecossistema. Originalmente, o livre comércio reconheceria os direitos dos camponeses e dos povos indígenas e, por isso, não iria cortar as raízes. Reconheceria também os direitos dos pequenos agricultores familiares e iria cuidar para que existam preços justos, ao invés de tentar debilitar o preço por meio de dumping e jogando fora os produtos.
Um verdadeiro livre comércio seria a liberdade para as pessoas e não a liberdade para as corporações. O que nós temos agora é uma corporatização global com uma negligência total, uma destruição negligente e desatenta. O que precisamos é uma consciência livre que esteja profundamente ciente de nossa interconexão com outras espécies, outras culturas e com toda a humanidade. Temos que ser conscientes do dano que fazemos aos outros. Dessa forma, não vamos incrementar o tamanho de nossa pisada ecológica, mas vamos a reduzi-la.
E, na alimentação, a única forma em que você pode reduzir sua pisada é de mudar de agroindústria para agroecologia, mudar da distribuição global para distribuição local, mudar de um sistema violento, que depende do governo corporativo, para um sistema pacífico, que depende da comunidade e da solidariedade. No momento em que mudamos para isso, a pisada se reduz. Podemos ir do industrial e global para ecológico e local.

Como acelerar o processo de alinhamento entre os vários movimentos para um estilo de vida mais sustentável?
Agroecologistas, camponeses e agricultores familiares são, na minha opinião, os maiores, protetores do planeta. É o momento de os movimentos ecológicos perceberem que os verdadeiros ambientalistas são os agricultores, que realmente reconstroem o solo, que fazem o cultivo de uma forma que os besouros não sejam mortos, que protegem a água.
E o movimento pela saúde tem que perceber que os agricultores são os médicos, que fazer crescer comida saudável é a melhor contribuição que podemos fazer. No momento em que fazemos essas conexões, existe uma nova vida, porque a vida cresce por meio de inter-relações.


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Os dois 11 de setembro

Ataque por terra e ar ao Palácio de La Moneda, onde Allende permaneceu sozinho até a morte. (1973)

Pânico, poeira e escombros em Manhattan momentos após os ataques ao World Trade Center. (2001)

NOTAS RÁPIDAS


Facebook, Google, Yahoo e Microsoft 
Cobram milhões de dólares para deixar-se espionar (Página 12, Buenos Aires)

Mudança Climática
A elevação do nível dos oceanos já está avariando casas e empresas na costa. A qualidade do ar que respiramos está se tornando pior e ameaçando nossa saúde. Os oceanos estão ficando mais ácidos, pondo os peixes e toda a cadeia alimentar em risco. Muitos cientistas acreditam que a mudança climática vai estimular a expansão de pragas.
(The Climate Changing Projet)

Os terráqueos estão chegando
Um americano com pinta de Iron Man se apresenta: "Meu nome é Ryan, tenho 30 anos. Passei a vida explorando minhas capacidades, de piloto a mergulhador socorrista. Vou continuar me testando". Ayako, uma japonesa de 39, define-se em outros termos: "Desde os 5 anos tenho curiosidade de saber o que existe além do céu. Gosto de poesia, canto, filmes de comédia". O indiano Vinod, 31, quer ir sem olhar para trás, mesmo deixando em casa mulher e a filha de um ano, "porque basicamente sou um engenheiro de tecnologia da informação". Felipe, 21, estudante de geologia na USP, adora o que faz e quer continuar explorando solos por lá. "Se tenho bom humor? Ora, sou brasileiro. See you in Mars!"
Como os leitores já devem ter percebido, especialmente a partir do otimismo do Felipe, o que junta essas pessoas é o desejo de participar do primeiro núcleo de colonizadores humanos do planeta Marte. São candidatos a uma vaga no projeto Mars One, desenvolvido por uma fundação holandesa "not for profit", mas se pintar um lucrinho, por que não? Desde abril, quando o projeto foi lançado, mais de 200 mil pessoas ao redor do mundo já se inscreveram nele. Serão selecionadas por critérios não muito claros, em que fala alto a capacidade de adaptação, evidentemente. E, a partir de 2015, depois de várias peneiras, 40 finalistas começarão um treinamento intensivo para viajar até o Planeta Vermelho em 2022, voozinho básico de sete meses de duração, non stop. Detalhe: vão viajar até Marte para nunca mais voltar. Chegou, ficou. Para sempre. Que tal?
(Laura Greenhalgh – O Estado de São Paulo)

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quarta-feira, 21 de agosto de 2013

Notas rápidas

Sobre o poder
          ”El secreto ocupa la médula misma del poder. No se trata solo de que no haya poder sin secreto. Es la propia capacidad de decidir qué puede salir a la luz y qué debe mantenerse en la penumbra la que constituye la esencia del poder. El mismo poder que oculta el gran fraude fiscal propone un registro público de las familias morosas que no han podido pagar el alquiler”. (Elias Canetti – Pagina 12 – Buenos Aires).    

A Grande Barreira de Corais.  
        “É tão absurdo que parece mentira. A historicamente irresponsável indústria de mineração da Austrália teve uma nova idéia: em meio à catástrofe das mudanças climáticas que assolam o nosso planeta, eles decidiram construir o maior complexo de mineração de carvão do mundo e, além disso, construir uma rota para o transporte que atravessa o maior tesouro ecológico que nós temos: a Grande Barreira de Corais!”. (Fonte: Avaaz)

Miséria
Nos EUA, em 2013, há mais de 23 milhões de desempregados ou severamente subempregados. Mais de 146 milhões – 48% da população – vive com renda menor do que a mínima necessária para sobreviver ou já mergulhou na indigência, recorde nacional. Os salários reais foram incansavelmente empurrados para baixo, ao longo dos últimos 30 anos. Se corrigido pela inflação, o salário mínimo hoje é 45% menor do que era em 1968.  (Correio do Brasil).

As externalidades


A questão das externalidades foi levantada por primeiro  em 1950, pelo economista alemão Kapp, que publicou na Inglaterra The Social Costs of Private Enterprise (a segunda edição, publicada em 1961 nos Estados Unidos, substituiu o termo Private por Business).  O conceito então empregado era de que externalidades eram custos gerados, mas não assumidos, pelas empresas, como a contaminação das águas e vários tipos de poluição, custos que serão então transferidos a outros, ou socializados.    Em 1967, o inglês Mishan, com seu The Costs of Economic Growth, amplia o conceito, por considerar que o crescimento econômico como um todo implica em vastas externalidades, aí podendo ser incluída a descapitalização natural.  Não só esses aspectos ambientais são porém abarcados pelo conceito de externalidades, pois o mesmo raciocínio se aplica também a aspectos sociais, como é o caso do desemprego, ou de moléstias profissionais.
 Os grandes aglomerados urbanos da atualidade geram uma multiplicidade de externalidades, tanto ambientais como sociais, implicando intensa utilização de recursos públicos, que poderiam de outra forma ser aplicados de maneira socialmente mais eficiente.  De eficiência aliás se trata ao avaliar o desempenho das empresas.  Como externalizam grande parte dos custos que geram, muitas empresas podem com esse recurso exibir eficiência financeira, sendo por isso tomadas como modelo de gestão a ser imitado, embora pelos custos que transferem à sociedade poderiam eventualmente ser classificadas como socialmente ineficientes.  A prática de subsídios públicos encobre essas e muitas outras ineficiências.
Decorre daí a não atribuição de valor aos recursos naturais, tanto ao apropriá-los, como ao poluí-los.  Essa atitude se propaga ao nível internacional, quando os países exportadores de matérias primas exportam por um retorno que cobre os custos de extração e transportes, mas escassamente remuneram o recurso natural em si, ou mesmo chegam a viabilizar exportações por subsídios; havendo que levar em conta também os baixos salários, uma espécie de macro-subsídio social às exportações.
Em muitos documentos e conferências internacionais já vem sendo pleiteada a internalização das externalidades, inclusive tendo sido formulado o princípio do poluidor-pagador.  Tomado o conceito de externalidades em sua compreensão mais ampla, no entanto, sua supressão implicaria o abandono de todo o modelo geral de crescimento, que se viabiliza justamente pelas externalidades gigantescas que gera, em termos de descapitalização do estoque de recursos naturais, de uma pressão já quase insustentável sobre a capacidade de suporte do meio ambiente e de uma exclusão social também gigantesca; tentando-se em boa medida  adiar o abandono desse processo como um todo pela intensificação de um vasto sistema de subsídios públicos,  que resultam ser portanto um vasto sistema de geração de externalidades.  Do livro A realidade Subjacente                 


Por quê?


Por que esperar por milagres?  Por ganhar na loteria? Por um “salvador da pátria”? Por que os políticos ajam com honestidade? Por que os economistas sejam sensatos? Por que a grande mídia informe a verdade?

Se cada um de nós tivermos o destemor de assumir nossa posição pelas mudanças, e passarmos a agir coletivamente por elas, nada será capaz de impedir que a liberdade e a dignidade prevaleçam. Nem são necessários para isso os 99%  -  10% da humanidade conscientes e atuantes já seriam uma  força invencível. 


Itália também proíbe o milho transgênico da Monsanto


Três ministros italianos – da agricultura, da saúde e do meio ambiente – assinaram um decreto banindo o cultivo do milho transgênico da Monsanto MON810.O ministro da agricultura citou os impactos negativos à biodiversidade como principal justificativa para a publicação do decreto. “Nossa agricultura é baseada na biodiversidade, na qualidade, e precisamos continuar a buscar esses objetivos, sem jogos [os transgênicos] que mesmo do ponto de vista econômico não nos tornariam competitivos”, declarou o ministro.Enquanto as aprovações para o cultivo de transgênicos na Europa são definidas de forma conjunta no nível da União Europeia, governos nacionais podem, individualmente, estabelecer salvaguardas caso considerem que o plantio represente riscos para a saúde ou o meio ambiente.No ano passado, a França estabeleceu uma moratória similar aos transgênicos.Segundo a maior organização de agricultores da Itália, a Coldiretti, uma pesquisa recente apontou que cerca de 80% dos italianos apoiam a proibição.N.E.: Até hoje a União Europeia só autorizou o cultivo de dois transgênicos: o milho MON810, da Monsanto, tóxico a lagartas, e a batata Amflora, da Basf, modificada para produzir amido industrial, que foi um fiasco de mercado e já teve a comercialização suspensa pela Basf. Antes da Itália, outros nove países europeus já tinham proibido o cultivo do milho da Monsanto: Polônia, Alemanha, Áustria, Hungria, Luxemburgo, França, Grécia, Itália e Bulgária. 


Butão a caminho do 100% orgânico


Butão é um dos poucos países do mundo a ter, efetivamente, igualdade de gênero: homens e mulheres têm funções iguais.
Conhecido mundialmente pela adoção do Índice de Felicidade Interna Bruta (FIB)  como medidor do progresso nacional, o pequeno Butão, isolado entre as montanhas do Himalaia, demonstrou mais uma vez a preocupação do país com o bem-estar de sua população, e agora caminha a passos largos para tornar realidade a meta de converter toda sua agricultura em orgânica, tornando-se a primeira nação do mundo a obter tal título.
O FIB foi criado em 1972, quando o rei Jigme Singye Wangchuck firmou um compromisso de construir uma economia adaptada à cultura do país e baseada nos valores budistas.
A meta, anunciada em 2007, deverá ser alcançada dentro de pouco tempo, uma vez que já há uma difusão do cultivo orgânico entre os agricultores, embora poucos sejam certificados como tal. Atualmente, os futuros instrutores estão em treinamento e os agricultores que já possuem produção orgânica estão recebendo assistência governamental.
De acordo com o ministro da Agricultura, além das vantagens de conservação ambiental, o programa de agricultura orgânica capacitará os agricultores em novas técnicas de cultivo para potencializar o uso do solo, aumentando a produção e, por fim, levando o país à desejada autossuficiência alimentícia.
Mercado
A procura pela transformação do cultivo também tem razões econômicas: a produção orgânica é 30% mais valorizada em relação a convencional, além de garantir uma renda extra com o ecoturismo.
O Butão não tem problemas com fome, o analfabetismo é zero, os índices de violência são insignificantes, nenhum mendigo vive nas ruas e não há registro de corrupção.
Na região, dois estados indianos têm programas similares para a adoção integral do cultivo orgânico na agricultura. Um terço da agricultura do estado de Sikkim já é orgânico e o governo local almeja transformar toda sua produção até 2015. Já Kerala começou essa transição em 2010 e planeja que até o final desta década todo o seu cultivo tenha sido convertido.
No Brasil, o mercado de orgânicos está em plena expansão, com crescimento anual entre 30% e 40%, embora a regulamentação do setor no início de 2011 tenha colocado algumas barreiras comerciais com a importação.
Os alimentos orgânicos são todos aqueles produzidos em sistemas que não utilizam agrotóxicos ou insumos artificiais em sua produção, como inseticidas, herbicidas, fungicidas, nematicidas ou adubos químicos. Por conceito, eles também não podem ser organismos geneticamente modificados (OGM), como os transgênicos.

Um estudo da Universidade Stanford (EUA) publicado recentemente afirma que os alimentos orgânicos não têm mais nutrientes que os tradicionais, mas as vantagens deste tipo de alimento, como a ausência de pesticidas e bactérias resistentes a antibióticos ou a redução do impacto ambiental, justificam a opção por esta produção.


quarta-feira, 31 de julho de 2013

Terremotos a 10 quilômetros de profundidade

(Coletânea de dados dispersos pela internet)

   HAARP – High- Frequency Active Auroral Research Program é uma entidade mantida por um conjunto de  instituições americanas de pesquisa, tida, embora não assumidamente, como voltada à produção de armas que utilizam alta tecnologia. Está instalada em região remota do Alasca.  O Programa pesquisa fenômenos naturais que ocorrem na ionosfera e na atmosfera, como também submarinos e subterrâneos, cujo conhecimento propicia condições para múltiplas aplicações civis e militares.  Dispõe para tanto de uma rede de antenas  (foto) emissoras de ondas de alta frequência que, por estarem interligadas, emitem ondas de alta potência, capazes, e o têm feito, de provocar tempestades, tsunames e terremotos em qualquer parte da Terra. A produção de terremotos é o que chama mais a atenção sobre a atividade do HAARP e suas conseqüências. São terremotos facilmente identificáveis, pois se dão a 10 quilômetros de profundidade, enquanto os demais se dão a profundidades bem maiores. A essa pequena profundidade, porém, os efeitos destrutivos são bem maiores. Ademais, há uma diversidade muito grande entre profundidades de terremotos. A única que se repete sempre é a de 10 quilômetros dos produzidos pelo HAARP. Abaixo uma lista deles.

 Rede de antenas do HAARP

Alguns terremotos a profundidade 10 Km:                                                                                  
Brasil 2008 (São Vicente, no limite do pré-sal, o único no Brasil até então)   Haiti 2010; Irã 2010; Venezuela 2010; Honduras 2010; Ilha de Páscoa, 2010; Brasil (Natal) 2011; Iran 2012 (parte da mídia anuncia terremotos diários a 10 Km no Irã, um deles próximo à usina nuclear contestada pelo Ocidente), Ilhas Sandwich 2012; Haiti 2012, com centenas de milhares de mortos (foto);  China 2013 (62 terremotos mencionados, quase todos a 10 Km, ao término dos quais a China teria retirado seu apoio à Coréia do Norte, em seu conflito com os EUA).Significant world earthquakes in the last 200 days
Last updated: 22:50:06, Wed Jul 24, 2013 (GMT)
Cena pós terremoto do Haiti

Significant world earthquakes in the last 200 days
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O que é o urânio empobrecido


Extrato da                                                                                                                                               CONFERENCIA INTERNACIONAL SOBRE URANIO EMPOBRECIDO CELEBRADA EN GIJÓN EL 26 Y 27 DE NOVIEMBRE DE 2000

El uranio empobrecido es un residuo obtenido de la producción del combustible destinado a los reactores nucleares y las bombas atómicas. El material que se utiliza en la industria civil y militar nuclear es el uranio U-235, que es el isótopo que puede ser fisionado. Como este isótopo se encuentra en muy bajas proporciones en la naturaleza, el mineral de uranio ha de ser  enriquecido, es decir, ha de aumentarse industrialmente su proporción de isótopo U-235. Este proceso produce gran cantidad de desechos radiactivos de  uranioempobrecido, así denominado porque está compuesto principalmente por el otro isótopo de uranio no fisionable, el U-238 y una mínima proporción del U-235.
         Desde 1977 la industria militar norteamericana emplea uranio empobrecido para revestir munición convencional (artillería, tanques y aviones), para proteger sus propios tanques, como contrapeso en aviones y misiles Tomahawk, y como componente de aparatos de navegación. Ello es debido a que el uranio empobrecido tiene unas características que lo hacen muy atractivo para la tecnología militar: en primer lugar, es extremadamente denso y pesado (1 cm 3, pesa casi 19 gramos), de tal manera que los proyectiles con cabeza de uranio empobrecido pueden perforar el acero blindado de vehículos militares y edificios; en segundo lugar, es un material pirofórico espontáneo, es decir, se inflama al alcanzar su objetivo, generando tanto calor que provoca su explosión.
         Después de más de 50 años de producción de armas atómicas y de energía nuclear, EEUU tiene almacenadas 500.000 toneladas de uranio empobrecido, según datos oficiales. El uranio empobrecido es también radiactivo y tiene una vida media de 4,5 mil millones de años. Por ello, estos desechos han de ser almacenados de forma segura durante un período de tiempo indefinido, un procedimiento extremadamente caro. Para ahorrar dinero y vaciar sus depósitos, los Departamentos de Defensa y de Energía ceden gratis el uranio empobrecido a las empresas de armamento nacionales y extranjeras. Además de EEUU, países como Reino Unido, Francia, Canadá, Rusia, Grecia, Turquía, Israel, las monarquías del Golfo, Taiwan, Corea del Sur, Pakistán o Japón compran o fabrican armas con uranio empobrecido.
         Cuando un proyectil impacta contra un objetivo el 70% de su revestimiento de uranio empobrecido arde y se oxida, volatilizándose en micropartículas altamente tóxicas y radiactivas. Estas partículas, al ser tan pequeñas, pueden ser ingeridas o inhaladas tras quedar depositadas en el suelo o al ser transportadas a kilómetros de distancia por el aire, la cadena alimenticia o las aguas. Un informe técnico de 1995 del Ejército norteamericano señala que "si el uranio empobrecido penetra en el cuerpo tiene la potencialidad de provocar graves consecuencias médicas. El riesgo asociado es tanto químico como radiológico". Depositados en los pulmones o los riñones, el uranio 238 y los productos de su degradación (torio 234, protactinio y otros isótopos de uranio) emiten radiaciones  alfa  y  beta  que provocan muerte celular y mutaciones genéticas causantes, al cabo de los años, de cáncer en los individuos expuestos y de anormalidades genéticas en sus descendientes.afectado ya a 250.000 iraquíes. Tras la Guerra del Golfo, investigaciones epidemiológicas iraquíes e internacionales han permitido asociar la contaminación ambiental debida al empleo de este tipo de armas con la aparición de nuevas enfermedades de muy difícil diagnóstico (inmunodeficiencias graves, por ejemplo) y el aumento espectacular de malformaciones congénitas y cáncer, tanto en la población iraquí como entre varios miles de veteranos norteamericanos y británicos y en sus hijos, cuadro clínico conocido como  Síndrome de la Guerra del Golfo. Síntomas similares al de la Guerra del Golfo se han descrito entre un millar de niños residente en áreas de la antigua Yugoslavia donde en 1996 la aviación norteamericana recurrió también a bombas con uranio empobrecido, al igual que durante la intervención de la OTAN contra la Federación Yugoslava de 1999.

(Nota do site: acredita-se que urânio empobrecido tenha sido usado na pulverização do World Trade Center)


Apropriação desequilibrada dos recursos naturais e humanos


   Após o desmoronar do chamado "campo socialista", permaneceu durante  curto período a crença de muitos no triunfo do "campo capitalista", até que este, por sua vez, entrasse também a desmoronar.  Gera-se então a confusa situação atual, com o confronto entre os que tentam reanimar o ideário dito de esquerda, com o re-fortalecimento do planejamento governamental , e os que tentam salvar o ideário dito de direita, insistindo na eficiência dos mecanismos de mercado. Emergem entrementes os esforços de países ditos "em desenvolvimento" para aumentar seus produtos nacionais, não importa a que custos, geralmente altos em termos de sub-remuneração do trabalho e dilapidação de recursos naturais. De permeio, principalmente entre os jovens, colhidos pelo desemprego e a falta de perspectivas, multiplicam-se protestos sem definição clara de objetivos, alguns induzidos por "forças ocultas".  Existe um denominador comum a todas essas tendências? Não existe. Mas existe um denominador comum a todos os fracassos que conduziram o mundo a essa condição atual de borda do caos, que é a confusão entre desenvolvimento e crescimento, aquele orientado em função do progresso social,  em  equilíbrio social e ambiental, este promovido justamente pela apropriação predatória de recursos naturais e humanos. E o que foi  e tem sido prioritário é a busca constante pelo  crescimento, seja nas economias de mercado ou nas de planejamento central, seja nos países do chamado terceiro mundo, ou ainda nas aspirações dos jovens inconformados.  Se a consciência dessa causa básica for difundida, ficará também claro o caminho a seguir.  Este espaço tem sido destinado justamente a promover a tomada de consciência dessa realidade, dessa distorção que não é apenas atual, embora esteja agora culminando, mas que vem desde a pré-história  –  a apropriação desequilibrada dos recursos naturais e humanos.
         O que tem sido entendido como desenvolvimento é um processo de crescimento, em causação circular entre o aumento de poder e o aumento da apropriação de recursos naturais e humanos. A apropriação de recursos naturais e humanos aumenta o poder de quem a realiza, enquanto o maior poder permite maior apropriação, e assim por diante, através dos séculos. O próprio poder alcançado pela muito maior  capacidade cerebral da espécie humana permitiu ao homem escravizar animais, para tração ou alimentos, em seguida escravizar plantas na agricultura, chegando a que os mais armados escravizassem também humanos, e daí por diante o poder dos que possuem armas mais poderosas se amplia constantemente, ainda que variando em formas de poder.  Assim, percorremos a escravidão, a servidão da terra, o colonialismo, o imperialismo e o belicismo atual, todos processos de acumulação concentradora, através da apropriação de recursos naturais e humanos, e com o apoio de armas com poder de destruição dantes inimaginável, geradas pelo conhecimento científico, como a desintegração provocada por armas com utilização de urânio empobrecido, ou uso, em massa ou individualizado, de enfermidades letais, ou ainda a capacidade de provocar terremotos a pequenas profundidades, por isso com maior poder de destruição. Que se pretende com esse poder incomensurável de eliminar seres humanos?    Como esse processo de acumulação já encontra os limites físicos da disponibilidade mundial de recursos naturais, seria a alternativa diminuir a população, até mesmo pela fome, para que restem recursos para continuar a acumulação concentradora. Uma apropriação de recursos sem outro objetivo senão expandir-se mais. A auto-expansão de um poder que já escapa ao controle de humanos, ao contrário, a que qualquer humano é coagido a ele se submeter.
         Em qualquer caso, é inegável, por evidente, a impossibilidade de ser mantido o objetivo de aumentar constantemente a produção de bens materiais. É preciso fazer prevalecer o bom senso. É preciso substituir a mística do crescimento a qualquer custo, cujos custos já de há muito superam os benefícios, pela mística do progresso em equilíbrio. Vários estudos, inclusive das Nações Unidas, fornecem elementos para demonstrar que padrões de distribuição equitativa de recursos, sem desperdícios, viabilizariam uma sociedade mundial de classe média, em que todos poderiam ser acomodados. A isso chegaríamos pela elevação progressiva das remunerações pelos recursos naturais e humanos, uma vez que é da sua sub-remuneração que se alimenta a acumulação concentradora, responsável pela degradação social e ambiental que vivenciamos. Essa, a convergência para padrões médios, é aliás a diretriz fundamental do Desenvolvimento Generalizável.


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sábado, 29 de junho de 2013

Os quatro capitais


O processo entendido como desenvolvimento sempre consistiu na valorização do capital material e dos recursos financeiros, à custa da desvalorização dos recursos naturais e humanos e do capital humano, justamente os que respondem pelo bem estar real, que não depende da acumulação de bens materiais, especialmente se supérfluos.   Da concentração crescente, na apropriação dos recursos naturais e do esforço de trabalho, resulta a descapitalização natural e humana.   O equilíbrio com o meio ambiente, de sua parte que é o homem, será sempre condição de sobrevivência de nossa espécie, como de todas as outras.  Mas estamos a serrar o galho em que estamos sentados.  Ou, como se diria nos Estados Unidos, estamos a pôr fogo em nossa casa – o mundo –, para assar o frango do lucro de algumas centenas de grandes empresas. (Do livro A Realidade Subjacente)

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segunda-feira, 17 de junho de 2013

A revolta em marcha


O salário mínimo é mínimo demais para tanta riqueza que circula nas bolsas de valores. Os valores que defendem os meios conservadores de comunicação, as igrejas, os parlamentares alimentados com o soldo do conservadorismo estão reduzidos à preservação das fortunas daqueles que amealharam, quais piratas, as riquezas que pertencem a todos os seres humanos. Apenas por serem humanos.
Agora, diante do tribunal das ruas, no calor das manifestações, da revolta que arde desde Istambul à Avenida Paulista, os governantes colocados no poder sob a contemplação do sistema ora em colapso acionam seu braço de ferro. Balas de borracha e cacetetes, imaginam, serão os antídotos à História. Pensam que têm o poder de parar a revolução mundial com o sangue de heróis. Jovens heróis. Equivocam-se ao imaginar que jatos d’água e gases lacrimejantes serão suficientes para deter a determinação dos povos contra a injustiça social ou por uma sociedade mais fraterna.
Não perceberam que a Humanidade segue o seu curso. E ninguém é idiota.
http://correiodobrasil.com.br/noticias/opiniao/erra-quem-pensa-que-a-revolta-e-apenas-por-r-020/618778/

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quinta-feira, 13 de junho de 2013

Acorde para a realidade


Nos próximos dias, os governos do mundo vão discutir sobre a possibilidade de tapar um buraco gigantesco de 1 trilhão de dólares anuais em evasão de impostos por grandes empresas. É dinheiro suficiente para acabar com a pobreza, colocar todas as crianças do mundo em escolas e duplicar os investimentos em tecnologias verdes! 
A maioria dos governos quer que as multinacionais poderosas paguem estes impostos, mas os EUA e o Canadá estão em cima do muro. Para conseguirmos um acordo, precisamos garantir que eles sintam a nossa pressão. 

1 trilhão de dólares é mais do que todos os países do mundo gastam com forças armadas. É um valor maior que o orçamento de 176 nações. São 1.000 dólares para cada família que habita neste planeta. E, acreditem ou não, é a quantidade de dinheiro que as maiores empresas e as pessoas mais ricas do mundo sonegam anualmente. 

Não há o que discutir! Para aumentar nossas finanças públicas em uma era de cortes dolorosos e dívidas, tudo o que precisamos fazer é garantir que todos paguem seus devidos impostos. Mas grandes empresas dos EUA estão fazendo um forte lobby para proteger suas práticas suspeitas. Uma enorme campanha pública vai ajudar a identificar e responsabilizar Obama e Harper, primeiro ministro canadense, que consideram se aliar com a corrupção ao invés de dar esse gigante passo para o avanço do planeta. 
Texto da petição do AVAAZ: http://www.avaaz.org/po/g8_tax_havens_p/

domingo, 9 de junho de 2013

Meu vizinho, o chinês e o botãozinho

Vamos supor que haja uma máquina, como essas de venda automática, esta provavelmente projetada para combater a super-população, na qual se apertaria um botãozinho e a máquina pagaria 10 reais. No mesmo instante, morreria uma pessoa no mundo. Ora, se a pessoa a morrer fosse um vizinho meu, eu não passaria nem perto da máquina.  Mas se fosse um desconhecido lá na China? Bem, há chinês demais mesmo, eu apertaria o botãozinho para ir almoçar.  E talvez me acostumasse com esse tipo de financiamento de meus almoços.  Aliás, ao chegar o período das compras de Natal, provavelmente se formaria fila na máquina.
Mas essa questão é bem mais abrangente do que parece, pois todo o processo que tem sido entendido como desenvolvimento sempre implicou em apertar botõezinhos. Com isso se formaram fortunas imensas, como se formou um poder incomensurável, enquanto se chegou à morte pela fome de mais de um milhão de pessoas por ano, enquanto se extinguiu uma quantidade enorme de espécies animais, se devastou a grande maioria das florestas do mundo, se relegou a maior parte da população do mundo a condições sub-humanas, se ameaça o equilíbrio ambiental mundial. Vamos assim mesmo continuar a apertar botõezinhos?
Mas parece que vamos. O hábito de apertá-los se tornou compulsivo, frenético. Dele depende agora toda uma sociedade do contra-senso, da inconsciência. Marchamos todos alegremente em direção ao abismo, confiando no recurso ao botãozinho.     

sexta-feira, 7 de junho de 2013

147 corporações controlam a economia ocidental


Um estudo da Universidade de Zurich revelou que um pequeno grupo de 147 grandes corporações transnacionais, principalmente financeiras e mineiro-extrativas, na prática, controlam a economia global. O estudo foi o primeiro a analisar 43.060 corporações transnacionais e desentranhar a teia de aranha da propriedade entre elas, conseguindo identificar 147 companhias que formam uma "super entidade” que controla 40% da riqueza da economia global.
http://www.plosone.org/article/info%3Adoi%2F10.1371%2Fjournal.pone.0025995

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quinta-feira, 6 de junho de 2013

INJUSTIÇA


A renda líquida obtida em 2012 pelas 100 pessoas mais ricas do mundo, 240 bilhões de dólares, poderia acabar quatro vezes com a extrema pobreza no planeta. A conclusão está num relatório publicado pela ONG britânica Oxfam. O mundo hoje está construído para ampliar a desigualdade e não há sinais de mudança.
O relatório da Oxfam ecoa estudos e análises econômicas recentes sobre a desigualdade. Hoje, as diferenças entre os países estão diminuindo, mas a desigualdade entre os mais ricos e os mais pobres dentro de cada nação está crescendo. Essa é a regra na maior parte das nações em desenvolvimento e também nas desenvolvidas.
Nos Estados Unidos, a desigualdade social é tão grande hoje em dia que, nas palavras da revista The Economist, supera a das últimas décadas do século XIX, a chamada "Era Dourada" do capitalismo norte-americano. A porcentagem da renda nacional que vai para o 1% mais rico da população dobrou desde 1980, de 10% para 20%. Para o 0,01% mais rico, a bonança foi maior: sua renda quadruplicou.
Na União Europeia, a situação também é ruim. No livro Inequality and Instability (Desigualdade e Instabilidade, em tradução livre), o economista James Galbraith mostrou que, se tomada como um conjunto, a UE supera os Estados Unidos em desigualdade. Isso se explica, em parte, pelas diferenças entre os diversos países do bloco. Ainda assim, se tomadas separadamente, as nações europeias também têm observado aumento da desigualdade. Um estudo sobre o tema publicado em 2012 pela OCDE, concluiu que "desde a metade dos anos 1980″, os 10% mais ricos de cada país "capturam uma crescente parte da renda gerada pela economia, enquanto os 10% mais pobres estão perdendo terreno". No Japão, onde 100 milhões de pessoas se diziam de classe média, estudos mostram, desde o fim da década de 1990, o aumento da desigualdade a partir da da metade dos anos 1980.


E se todas as dívidas do mundo desaparecessem?


O endividamento surgiu recentemente. Durante mais de 99% da nossa história, nós não tínhamos nem a noção de dívida. Em seus primórdios, a tradição hebraica realizava esse sonho a cada sete anos. Costumava-se celebrar um grande jubileu, que dava cabo às dívidas e à escravidão econômica. Blocos de pedra em que inscreviam-se contas eram quebrados. Papiros com orçamentos, queimados. Escravos retornavam às suas famílias. A todos era oferecido um novo começo (a mesma tradição é viva atualmente com o projeto Rolling Jubilee).
Joe Brewer - Commondreams
http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=21435

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terça-feira, 4 de junho de 2013

INTRODUÇÃO AO DESENVOLVIMENTO GENERALIZÁVEL

Celso Waack Bueno

1 – O processo de acumulação concentradora
2  - Os quatro fatores que se opõem atualmente ao processo
3 – A proposta do desenvolvimento sustentável
4 – Recursos e capitais
5 – Parâmetros de reversão do processo
6 – Elevação progressiva da remuneração pelos recursos naturais e sua capacidade de renovação natural
7 - Elevação progressiva da remuneração pelos recursos humanos e a reposição do equivalente trabalho
8  –  Contenção do efeito concentrador da capitalização prévia
9  –  Em direção ao desenvolvimento generalizável
10 – O futuro do futuro

O que tem sido entendido como desenvolvimento é um processo de acumulação concentradora,  resultante de uma causação circular entre aumento de poder e apropriação crescente de recursos naturais e humanos, processo que nunca foi e nunca será sustentável.  

Na natureza, vida e morte são a mesma coisa, pois a vida de uns depende sempre da morte de outros – só se sobrevive matando. É um processo de soma zero. À medida em que o homem foi avançando em sua supremacia, no entanto, ele passou a consumir mais que o necessário para sua sobrevivência, levando então a que a morte superasse  a vida, e a Terra como um todo passasse a morrer progressivamente. Estamos já em um estágio muito avançado desse processo. É esse mesmo processo que está culminando em nossos dias. Tentamos revertê-lo, ou deixamos que siga seu curso?

Esse processo de acumulação concentradora gerou, além da devastação natural, a escravidão, a servidão da terra, o colonialismo, o imperialismo, o belicismo atual, todos processos de apropriação de recursos naturais e humanos, geradores de capitalização material e humana nos centros de poder.  A apropriação violenta de recursos propiciou inclusive, para esses centros de poder, o progresso cultural e científico, por sua vez postos a serviço de mais concentração de poder.  Chegamos por aí ao pior tipo de escravidão - a escravidão da mente.  Há portanto que parar urgentemente esse processo, antes que não tenhamos mais condições para fazê-lo.

Trata-se de um processo que evolui independentemente das pessoas.  Aquelas que integram as entidades que detêm poder terão que contribuir eficazmente para o crescimento dessas entidades, ou serão expelidas. As que se encontram do lado de fora não terão senão mínimas possibilidades de fazer valer seus direitos e preferências, se opostos aos interesses dessas entidades detentoras de poder. Assim, os indivíduos terão de se submeter ao crescimento contínuo dos interesses das grandes instituições, sejam privadas ou públicas, que entre elas acomodam reciprocamente seus interesses. Paradoxalmente, numa época de intensa promoção do individualismo, a capacidade dos indivíduos para defender seus direitos e interesses vai sendo reduzida a zero. Não por acaso, pois o que fortalece a defesa dos indivíduos é a ação coletiva – o indivíduo, só, frente ao poder das instituições, não tem chance de fazer valer seus interesses.  É óbvio que a promoção do individualismo debilita os indivíduos.  

Ao mesmo tempo, há uma luta constante entre as diferentes instituições pela partilha do poder. Elas se movem continuamente, às vezes associadas, para aproveitar  oportunidades de aumentar seu poder.  Seus dirigentes que não alcancem sucesso nessa concorrência tendem a perder seus postos.  Os governantes que não alcancem aumentar o PIB dos Estados que governem tendem a perder as eleições. Ninguém tem poder suficiente para deter o crescimento das instituições. Qual aprendiz de feiticeiro, o homem criou as instituições mas não tem poder para detê-las.

Na atualidade, são raros os tycoons do passado, senhores do capital dentro e fora das empresas. A propriedade do capital hoje tende a ser atomizada, e a gestão feita por executivos contratados, independente dos quais avançam as vagas sucessivas do crescimento das empresas, apenas “surfadas” por seus dirigentes de turno. E há uma substituição constante também no exercício das funções públicas. É o sistema que avança, independente das pessoas.

Esse processo de acumulação, ainda que concentradora, produziu notáveis conquistas em todas as áreas do conhecimento - um gigantesco capital material e humano, disponível agora para beneficiar a humanidade, mas que está sendo usado com prioridade para mais aumento de poder e produção, aumentos causadores das devastadoras crises social e ambiental que vivenciamos. A avaliação desse processo depende pois do uso que se faça de suas conquistas - se apropriadas socialmente ou para beneficiar grupos de interesse.  A acumulação é uma necessidade social. Sem ela não há progresso, mas não a acumulação concentradora, que é a causa de todas as distorções sociais e ambientais que enfrentamos. A acumulação pode e deve ser social, com custos e benefícios apropriados equitativamente, sendo os custos pagos pelos beneficiários. No processo atual de acumulação, o mais frequente é que os benefícios sejam apropriados privadamente e os custos pagos socialmente. Além disso, as decisões sobre a gestão do processo podem e devem ser também sociais. Não tem cabimento que a sociedade seja arrastada aos trambolhões por uma evolução técnica orientada em função dos interesses de um grupo relativamente reduzido de grandes empresas.            

Não se trata, em busca de soluções, de aumentar ou diminuir a participação do Estado na gestão do processo, ou de abrir mais ou menos a economia, ou de monitorar taxas de crescimento – o objetivo geral, medida do sucesso -, mas de entender que o problema está justamente na obsessão pelo crescimento. Faria mais sentido monitorar indicadores sociais, uma vez que o social deve ser o fim, e o econômico apenas o meio.  Ao contrário, prejudica-se o social, e o ambiental, para fazer crescer a produção, não importa do que seja, desde que gere lucros, ou recursos para pagar juros ao sistema financeiro. E eis aí outra moderna forma de escravidão: os tributos devidos ao sistema financeiro, a que estão submetidas entidades públicas e privadas, bem como pessoas físicas, todos escravizados pelo endividamento. Nas épocas agrícola, comercial e industrial eram transacionados valores reais; agora se transacionam valores fictícios – moedas sem lastro, papéis de muitos tipos lastreados por moedas sem lastro, todos com valores flutuando continuamente, em função de frenética especulação. A especulação é a causa próxima das crises; que podem colher também os bancos, embora muitas vezes por eles provocadas.  Porém  a causa remota é a prioridade geral ao crescimento econômico, inviável face aos limites físicos ao crescimento. Destaque-se que na atualidade as grandes corporações transnacionais estão associadas aos bancos, aliança que avassalou também os governos, quando não massacrou “recalcitrantes”. Agregue-se o controle dos meios de comunicação pelos mesmos grupos de poder, sob a influência dos quais as pessoas querem o que se quer que elas queiram, tanto em termos de consumo como eleitorais, e se completa um quadro geral de falta de liberdade que marca a atualidade.

Também resultou da acumulação concentradora o avanço dos meios de comunicação, que por sua vez impulsionou o intercâmbio cultural e a formação de uma espécie de fórum mundial permanente de debates sobre a situação atual e os rumos a seguir; embora seja certo que através dos próprios meios de comunicação, assim expandidos, se intensificou também todo um sistema de alienação, de triagem de informação e de controle ideológico.  Aí nesse fórum se trava pois uma batalha decisiva entre a alienação e a tomada de consciência, consciência de  que resultará a força sócio-política para nos libertar do atual processo e nos conduzir a um mundo de equidade e bem estar, ainda perfeitamente possível.

2  - Os quatro fatores que se opõem atualmente ao processo

Entrementes, quatro fatores principais vão contribuindo para o desmantelar desse processo de acumulação concentradora. O primeiro deles decorre da própria essência do processo.  É um processo já destinado a se auto-estrangular, pois alimentado pela apropriação crescente de recursos naturais, cuja disponibilidade é finita. Portanto, o próprio crescimento contínuo forçará a mudança nos padrões de produção e consumo.  Simultaneamente, a corrida aos recursos naturais remanescente vai causando crescente pressão sobre o equilíbrio ambiental, outro fator inviabilizador do atual processo.
         
Como os intoleráveis custos sociais, ambientais e econômicos do processo se tornam cada vez mais evidentes, parte crescente da elite intelectual em todos os países vai se tornando consciente da imperiosidade de substituir esse processo, passando a pesquisar novos rumos e a atuar politicamente para lográ-los. Dessa ação vêm resultando numerosas publicações, bem como marcantes participações em conferências internacionais, que vêm consolidando uma nova visão de mundo, cientificamente bem justificada, e social e moralmente comprometida.  Essa corrente de pensamento vem ganhando espaço na mídia, apesar da manipulação da informação ali reinante, e conseguindo interferir em recomendações de conferências internacionais, logrando portanto contribuir de forma importante para a rejeição do processo atual.

Movimentos sociais contra as consequências ruinosas do processo se multiplicam mundo afora, estabelecendo também vínculos entre si, tornando difícil silenciá-los por simples repressão, o que aumenta constantemente o número de pessoas conscientes. E uma consciência ganha não é mais perdida, passando a despertar outras.

Enfim, a independência dos povos coloniais, alcançada no após-guerra, inseriu no panorama internacional dezenas de novos países, nos quais, mesmo que em grande medida subordinados ainda aos interesses de suas antigas metrópoles e a outros interesses mundialmente dominantes, é impossível impedir que neles aflorem as aspirações ao desenvolvimento de suas populações, de alguma forma influindo em seu posicionamento quanto às relações internacionais. Ademais, se estabelece e se fortalece a cooperação horizontal entre eles, gerando progressivamente um novo poder, com vocação para se opor aos desmandos do poder dominante tradicional.

A resultante da influência combinada desses quatro fatores provavelmente deverá conseguir a ruptura do processo atual.  Mas há que garantir que o que aflore então seja algo muito melhor, o que não é certo.  Após a grande crise dos 30, por exemplo, aflorou o nazifascismo, após cuja derrota, bem como a queda da União Soviética, tornou-se dominante a mistificação neoliberal.  A consciência do que devemos pretender como um novo sistema deve portanto ser ampla e livremente discutida desde já, se possível logrando consenso entre os integrantes dos quatro fatores em vias de derrogar o processo atual. Objetivos claros, assim definidos, ajudarão a conscientização e a ação pela reorientação do processo atual.

3 – A proposta do desenvolvimento sustentável    
        
O discurso que tem prevalecido como proposta de alternativa é o do desenvolvimento sustentável, que tem tido ampla difusão, por desenvolvimento sustentável sendo entendido aquele que pode ser levado ao futuro. A própria escolha do termo já é o reconhecimento de que estamos face a um processo insustentável, dado o grau de esgotamento de matérias-primas e deterioração ambiental a que chegou o processo entendido como desenvolvimento.

Documentos das Nações Unidas têm caracterizado vagamente o desenvolvimento sustentável como aquele que não exerça pressão excessiva sobre os recursos naturais e o equilíbrio ambiental. O uso da expressão pressão excessiva causa, no entanto, incerteza na implementação da diretriz, dificultando-a, por ser difícil, senão impossível, determinar a partir de que ponto a pressão sobre cada um dos diferentes recursos será excessiva; ou em que ponto, ou quando, a pressão sobre o conjunto dos recursos naturais e o ambiente será excessiva. Nessas condições, a proposta do desenvolvimento sustentável se reduziu a um apelo para que sejam apropriados menos recursos, sem qualquer mecanismo que impeça que ocorra o contrário, mesmo porque não haveria clareza para definir quais medidas deveriam ter cumprimento obrigatório.  Tudo resultou em como se a situação atual demandasse apenas “algumas melhorias”.  A despeito de sua indefinição básica, no entanto, a conferência das Nações Unidas Rio 92, editou uma extensa série de recomendações, não conflituosas, objetivando melhorias ambientais e sociais, para terem cumprimento ao longo do século XXI; mas os resultados expostos nas conferências Rio+5, Rio+10, Rio+15 e Rio+20 mostram que o cumprimento das recomendações tem sido pequeno.

O próprio conceito de desenvolvimento sustentável dificulta a definição de objetivos, e portanto também a implementação de mudanças. Há profundas diferenças em quanto a padrões de vida, dentro de países e entre países. Que padrões se trataria de sustentar? Se os padrões elevados, sustentá-los implicaria manter também as diferenças de padrões, pois os padrões elevados dependem dessas diferenças.  Nesse caso o desenvolvimento sustentável resultaria em manter a atual situação de convivência entre desperdício e privação, a menos que sua conceituação incluísse a convergência de padrões, o que não ocorre.

O discurso, tão intensamente difundido, pelo desenvolvimento sustentável, tem assim resultado, seja por insuficiência conceitual ou por insuficiência de vontade política, apenas em medidas restritas e superficiais, quase cosméticas, enquanto remanesce a impotência frente a uma crise social e ambiental que se agrava.

4 – Recursos e capitais  
                   
O homem é um recurso natural, um animal que se destacou pela bem maior capacidade cerebral, que o distingue como recurso humano.  Esse recurso humano, usando o poder de sua maior capacidade cerebral, passa a se apropriar crescentemente dos demais recursos, bem como a transformar muitos deles às conveniências de seu uso e produção. Ao assim transformar os recursos naturais, passa a ser criado o capital material, e ao transformar os próprios  recursos humanos, gerando o conhecimento, passa a ser criado o capital humano. Todo o processo evolutivo envolvendo seres humanos se dará então em função da interação entre os dois tipos de recursos e os dois tipos de capital.  Também se atribui a qualidade de capital ao conjunto de instrumentos monetários e financeiros, o que parece inadequado, pois eles só manipulam recursos e capitais, com vistas ao aumento de seu próprio poder, enquanto a percepção de capital é a do que seja criado para aumentar a eficiência de atuação, em mínima escala entre animais, e em crescimento geométrico entre humanos.

O processo entendido como desenvolvimento tem implicado valorização dos capitais (material e humano)  e da acumulação financeira, à custa da desvalorização dos recursos (naturais e humanos). Da apropriação crescente dos recursos naturais e do esforço de trabalho, em grande medida para criar bens supérfluos, resulta a devastação natural e humana, interpretada no entanto como responsabilidade das populações afetadas, tidas como “atrasadas”.  Não se trata de “atraso”, mas do resultado do processo de acumulação de amplitude mundial. A acumulação financeira, por sua vez, opera uma pletora de instrumentos monetários e financeiros, a maioria despida de lastro ou de garantias reais, cujos valores nominais variam continuamente, ao sabor da especulação e da corrupção. Mas é por meio da manipulação desse tipo de instrumentos que se governa o mundo hoje em dia.

Essas incongruências, que levam à deterioração crescente das condições sociais e ambientais, não são claramente percebidas por ser o processo visto sob a ótica das ilusões monetário-financeiras, que não permite a percepção das relações reais que subjazem. Poder-se-ia, no entanto, equacionar de maneira menos distorcida as relações entre os diferentes tipos de recursos e capitais.  Excluídos os instrumentos monetário-financeiros, os capitais e recursos dotados de valor real entrariam numa equação com as variações percentuais de seus montantes, expressas tanto como positivas como negativas, isto é, tanto como aumento como diminuição. Para os recursos naturais o aspecto positivo seria o da reposição da devastação havida. Para o capital material o aspecto negativo seria o da depreciação.  E para o capital humano, por envolver um complexo de fatores, o mais prático por enquanto seria adotar os avanços e eventuais recuos do IDH.  Todas as variações computadas seriam expressas em termos percentuais, referidas ao ano imediatamente anterior; percentuais que para ser calculados necessitariam das séries de quantidades absolutas também, cujo cálculo é tratado no capítulo 6 adiante. Isto posto, uma equação básica retratando o desenvolvimento poderia ter a seguinte expressão:


Desenvolvimento (Dev) =
Variação líquida  percentual do capital material (K mat) +  
+ Variação líquida percentual do capital humano (K hum) +
+ Variação líquida percentual da disponibilidade de recursos naturais (D nat)
Que, em uma expressão sintética, seria:
% Dev  = % K mat  + % K hum + % D Nat,    
sendo o desenvolvimento entendido como um processo de capitalização material e humana, em equilíbrio com o ambiente natural.

Se o resultado final da equação for negativo, ou zero, não houve desenvolvimento no ano considerado no país considerado, o que poderia ocorrer com uma variação negativa da disponibilidade natural que superasse ou igualasse a capitalização positiva material e humana.  A equação poderia ser referida a uma região menor, por exemplo um município, como poderia ser tomada até mesmo em sua dimensão mundial, e poderia também ser referida a diferentes intervalos de tempo.  A questão de uma medida aplicável às três variáveis é contornada por se tomar nos três casos a variação percentual, e se atribuir às três  variáveis  o  mesmo  peso.   Pode-se  ter  em  mente  ademais  que  seria  lógica  e conveniente a adoção universal do tempo de trabalho como numerário (Bueno, 1997 e 2010).

5 – Parâmetros de reversão do processo   
                             
Tudo tem pois origem no super-uso de recursos, um problema que se iniciou com o advento do homem, mas que poderá o estar levando à sua própria extinção. A partir dessa problemática é que se deve equacionar a solução, não da “crise atual”, mas da situação insustentável a que chegamos, agravada com o desmoronar desse processo inviável, cujo fim inevitável se aproxima. O que deve ser equacionado, portanto, é como tentar reverter esse processo em tempo, ordenadamente e sem traumas, o que implicaria uma importante mudança cultural e psicológica: o abandono da mística do crescimento a qualquer custo, e sua substituição pela mística do progresso em equilíbrio.

Não vivemos uma situação crítica que possa ser resolvida com recomendações brandas, de cumprimento não obrigatório, que é o perfil dos discursos políticos e dos documentos das conferências internacionais, tendentes a “melhorar” a situação atual. No caso, por exemplo, da maior reserva florestal ainda existente – a Amazônia –, governos se ufanam de que tenha diminuído a taxa de desmatamento da floresta, isto é, continua o desmatamento.  No caso da já mencionada conferência das Nações Unidas sobre meio ambiente, a Rio-92, que produziu uma grande série de documentos com recomendações já brandas, mas assim mesmo o cumprimento, como já comentado, foi pequeno. A conferência das Nações Unidas de 1974, mais incisiva, que recomendou o estabelecimento de uma Nova Ordem Econômica Internacional (NIEO, em inglês), foi relegada ao esquecimento.  

Mas é justamente ao espírito da década dos 70 que precisamos voltar, para empreender urgentemente a mudança do atual sistema como um todo. É preciso estabelecer uma estratégia conjunta para todos os setores. Não confundir no entanto com planos imperativos detalhados. É importante preservar a independência e a criatividade geral. O que é necessário é o estabelecimento, consensual se possível, de um mínimo de diretrizes gerais que garantam condições para a evolução de todas as ações de forma compatível com objetivos sociais consensualmente definidos.

Como se torna evidente que a causa geral do complexo de problemas de que padecemos é o processo de acumulação concentradora, sua reversão tem de ter como norte a redistribuição, a um ritmo definido consensualmente, mas de cumprimento obrigatório. E as diretrizes básicas paramétricas, conducentes à redistribuição, seriam no menor número possível. Tudo o mais, desde que não contrariando as diretrizes paramétricas, ficaria em liberdade. Enfim, como o que aciona esse processo concentrador é a sub-remuneração pelos recursos naturais e humanos, resulta que a elevação progressiva da remuneração pelos recursos naturais e humanos seja a diretriz paramétrica pretendida.

6 – Elevação progressiva da remuneração pelos recursos naturais e sua capacidade de renovação natural  
              
O sistema atual escassamente remunera os recursos naturais em si, abrindo caminho para sua apropriação predatória e seu consumo perdulário. Geralmente o que é pago é o custo de extração da matéria-prima e o custo de seu transporte, bem como os lucros respectivos e eventuais impostos, mas os recursos em si praticamente não são remunerados, como se fossem bens livres.

Já se trava de há anos uma discussão sobre esse assunto, com a participação de alguns técnicos do Banco Mundial (Goodland e Daly, 1991), que advogam a inclusão do valor do recurso em si nas Contas Nacionais, o que tem sido denominado esverdeamento  das Contas Nacionais.  Na verdade esse esverdeamento deveria ser procedido em todo o cálculo econômico, não só nas Contas Nacionais.  Que valor atribuir aos recursos apropriados, uma vez que os preços de mercado via de regra nem lhes atribuem valor em si? O valor que se tende a adotar é o custo de reposição do recurso. Assim, o valor de uma árvore seria o custo de tê-la com igual nível de crescimento, do solo arável o custo de recuperar sua fertilidade, e assim por diante. Seria muito caro? Mas não era mesmo de se esperar que a natureza valesse pouco. Ou pagamos o que ela vale, ou teríamos de procurar outro planeta habitável para destruir. E tenhamos em conta que o prejuízo que estamos tendo com a devastação natural é dessa ordem. As séries compostas por valores absolutos, mencionadas no capítulo 4, terão de ser calculadas dessa forma, mas nas equações ali tratadas torna-se mais prático usar as variações percentuais. Para os usuários do sistema poderiam ser disponibilizados por organismos centrais valores padrão.  Há porém um outro aspecto do cálculo a considerar, além de seu esverdeamento,  que é o cálculo dos custos indiretos, por custo indireto sendo entendido aquele relativo aos insumos adquiridos para a produção. Esse aspecto será tratado no próximo capítulo.

A elevação da remuneração pelos diferentes recursos naturais iria sustando sua apropriação predatória, em direção à posição de equilíbrio, em que a apropriação se dê em nível que não ultrapasse a taxa de renovação natural de cada recurso.  As disponibilidades estimadas de cada recurso, bem como suas taxas estimadas de renovação natural, poderiam ser divulgadas anualmente por organismos centrais. Mesmo antes que seja atingido essa situação limite, o aumento dos preços das matérias-primas estaria elevando  os preços dos produtos finais, do que resultaria então diminuição da procura e evolução em direção a padrões mais sóbrios, o que por sua vez diminuiria a corrida aos recursos, passando tudo a convergir para um processo de produção e consumo compatível com a disponibilidade de recursos naturais.

No que tange aos recursos naturais não renováveis, isto é, os minérios, a elevação dos preços de cada um, reduzindo a demanda,  possibilitaria o alongamento do horizonte de seu esgotamento, dando mais tempo para o desenvolvimento de substitutos; devendo ser levado em conta que os minerais metálicos e os combustíveis fósseis deverão todos atingir o máximo possível de produção ainda ao longo deste século XXI (Leontief, 1977). No limite, se daria a completa substituição dos recursos não renováveis por recursos renováveis.   

Por outro lado, a elevação dos preços das matérias-primas aumentaria a renda dos países que as exportam, permitindo aí uma progressiva evolução para melhores padrões, como mais recursos para investimento e programas sociais; enquanto nos países industriais seriam condicionados padrões mais sóbrios, numa convergência, aliás objetivada por este primeiro parâmetro.. Tais mudanças não necessariamente resultariam em prejuízo para a economia dos países industriais, uma vez que, como comentado nos relatórios da Social Democracia (1980 e1985), a ampliação progressiva do poder de compra nos países exportadores de matérias primas iria inserindo no mercado bilhões de excluídos, o que possibilitaria a redecolagem da economia mundial.  Tratar-se-ia não de uma redução, mas de uma mudança do perfil do mercado mundial, com aumento da produção de bens mais econômicos, substituindo progressivamente a produção para alimentar padrões de desperdício, num avanço em direção ao equilíbrio, portanto.

Essa concepção de administração de preços poderia ser implementada por um sistema permanente de acordos, no âmbito de câmaras com atuação não muito diferente das negociações atualmente realizadas na OMC, podendo as disponibilidades de cada recurso e suas taxas de renovação ser divulgadas anualmente por organismos internacionais.  

Paralelamente, poder-se-ia proceder à recuperação das perdas do capital natural, na medida do que isso seja ainda possível, rateando os custos entre os beneficiários dessa recuperação, sendo que boa parte será de benefício geral, devendo seus custos então ser socializados. Adicionalmente poderiam ser definidos índices de perda da fertilidade dos solos, com máximo que não possa ser ultrapassado e com taxação proporcional aos índices alcançados. Enfim, poderiam ser estabelecidos estímulos a quem se disponha a recuperar solo tornado estéril, ou reflorestar.

7 - Elevação progressiva da remuneração pelos recursos humanos e a reposição do equivalente-trabalho
                                  
A sociedade mundial é estruturada em uma pirâmide de remunerações pelos recursos humanos. Na base estão os trabalhadores rurais sem terra dos países exportadores de matérias primas. No ápice as elites que porfiam por exibir padrões de desperdício nos países industriais. Essa pirâmide está em equilíbrio dinâmico. Mantendo-a inflada fluem transferências de esforço de trabalho da base até o ápice, viabilizando padrões crescentes de consumo. No ápice da pirâmide há uma abertura, que libera a fumaça da queima de esforços de trabalho pelas elites.  É uma pirâmide fumegante. Se for interrompida a alimentação na base, ou a queima no ápice, a pirâmide desinflará – todo o sistema se desfaz. A expropriação dos recursos humanos é portanto necessária para alimentar o poder de compra nos diferentes níveis, que são relativos a que haja rendas menores abaixo. Já no ápice o desperdício é necessário para absorver o excedente ali acumulado, do contrário a demanda não absorverá toda a oferta; entrando-se em uma retração, que se transmitirá a todos os níveis, pelo desemprego e queda de renda. Salvo nos extremos superior e inferior, somos todos expropriados e expropriadores, pois nossos padrões de consumo não se manteriam se não houvesse abaixo pessoas ganhando menos que nós produzindo os bens que consumimos. As diferenças de renda são portanto indispensáveis, essenciais, ao sistema atual, assim como garantidoras de sua manutenção.  A eliminação dessas diferenças resultaria portanto na eliminação do próprio sistema, razão pela qual este segundo parâmetro preconiza a elevação progressiva das remunerações pelos recursos humanos, instrumentada pela elevação dos salários de base e facilidades para o acesso à terra.
O baixo nível salarial nos países exportadores de matérias-primas barateia suas exportações, favorecendo a expansão da produção nos países industriais, enquanto mantém reduzido o mercado interno, dificultando a industrialização e perpetuando a condição de vendedor de matérias-primas baratas e trabalho barato, para comprar bens industriais , ou simplesmente quinquilharias, produzidos fora.  Por outro lado a dificuldade de acesso à terra gera o excedente de mão de obra, que vaga pelo país oferecendo seus serviços por qualquer preço. Ou migra para o exterior, aí também contribuindo para reduzir salários e aumentar o desemprego. O acesso à terra nos países exportadores de matérias- -primas é portanto, em última análise, uma conveniência mundial.

Ademais, o sistema de trocas comerciais internacionais transfere quantidades consideráveis de trabalho dos países de menores salários para os de maiores salários.  As trocas se fazem com base no equilíbrio monetário, mas, como há diferenças salariais envolvidas, os salários maiores perfazem o valor da troca com quantidades menores de trabalho, e os salários menores com quantidades maiores, isto é, compra-se muito trabalho com pouco trabalho – mais uma sangria de esforço de trabalho, transferido dos países exportadores de matérias-primas para os industriais. Para captar melhor esses montantes de esforço de trabalho transferidos nas trocas, pode-se efetuar o cálculo de custos dos produtos em tempos de trabalho.

Calcular o custo de um produto em tempos de trabalho é o mesmo que computar o trabalho direto e indireto incorporado ao produto, isto é, seu equivalente-trabalho. Para isso há dois tipos de trabalho a considerar – o trabalho direto, empregado na unidade de produção que entrega o produto na forma em que os custos estão sendo calculados, e o trabalho indireto, incorporado em todos os insumos utilizados por aquela unidade de produção na elaboração do produto.  Cada insumo terá também, no entanto, seus trabalhos indiretos, e assim sucessivamente, o que faz com que os cálculos sigam se ramificando numa grande árvore de dados necessários, embora a adição ao custo dessas sucessivas etapas vá tendendo assintoticamente a zero. Mas será sempre um montante considerável de dados, o que torna praticamente impossível captá-lo em sua totalidade.   No entanto, já há como desenvolver cálculos, de razoável grau de aproximação, em nível de médias anuais para cada atividade produtiva, médias que seriam então aplicadas aos insumos de cada caso específico. Para tanto, pode-se utilizar o sistema das matrizes de insumo-produto, em especial a matriz de Leontief, dita de impacto, a qual permite chegar a estimativas do agregado de custos indiretos por unidade monetária de um produto, que aliás podem também ser convertidas em trabalho indireto (Bueno, ops cits)

O cálculo do equivalente trabalho dos dois lados de uma transação comercial vai mostrar que, via de regra, o comprador despende menos trabalho, para gerar os recursos para a compra, que o utilizado na produção do que ele compra, isto é, os balanços de horas de trabalho envolvidas nas transações são desequilibrados, mas, com a elevação salarial do lado tributário,  estariam se tornando mais equilibrados, em  direção à reposição do equivalente trabalho, que seria o equilíbrio. Na medida em que se elevem as remunerações nos níveis inferiores, e portanto também o poder de compra nesses níveis, irá também sendo reduzido o poder real de compra acima, convergindo o processo em seu conjunto para padrões mais equilibrados, mais sóbrios, menos dependentes da apropriação do esforço de trabalho dos níveis abaixo. Seria uma elevação progressiva, mas já propiciando melhorias ao longo. Sua efetivação poderia ser feita por acordos de âmbito mundial, que estabeleçam pisos salariais crescentes e, onde couber, quotas de assentamentos rurais.

Essa melhoria de condições, para as multidões que constituem a gigantesca base do sistema de transferências de esforço de trabalho, se converteria na verdade em um gigantesco processo de capitalização humana.  A par da notória perda de recursos naturais, o processo atual induz também um imenso desperdício de recursos humanos, pois bilhões de excluídos são mantidos no limiar da inanição, sem a menor condição para realizarem seu potencial produtivo e criativo, o que se constitui num prejuízo para toda a humanidade que, fosse outro o processo, se beneficiaria do aproveitamento do potencial produtivo e criativo desses bilhões de excluídos.  Vários estudos e declarações convergem para essa interpretação.  Em O Futuro da Economia Mundial (Leontief, 1977), empreendido pelas Nações Unidas e coordenado por Wasssily Leontief, já está a conclusão de que o problema do mundo não é o da escassez de recursos, mas a sua má distribuição,   Os dois grandes relatórios da Social Democracia, o de 1980 coordenado por Willi Brandt (Brandt, 1980)  e o de 1985 coordenado por Michael Manley (Manley, 1985), argumentam pela vantagem global dessa inserção social. O Nosso Futuro Comum (Brundtland, 1997), também empreendido pelas Nações Unidas, coordenado por Gro Harlem Brundtland, está repleto de afirmações nesse sentido. Mikhail Gorbachev, em Perestroika (Gorbachev,1985), afirma ser imperativo reverter o atual processo, pois “bilhões de habitantes do Terceiro Mundo têm o direito de viver como seres humanos”.  E assim por diante.

8  –  Contenção do efeito concentrador da capitalização prévia
               
Há, portanto, um processo generalizado de transferências de esforço de trabalho nas trocas comerciais, quer em níveis nacionais, como em nível internacional.  São transferências que resultam de que um dos lados envolvidos nas trocas não recebeu de volta todo o trabalho direto e indireto, isto é, o equivalente-trabalho, utilizado na produção do que entregou na troca. Não foi reposta, pois, a quantidade de trabalho fornecida. Em outras palavras, não houve a reposição do equivalente trabalho, pois  parte foi transferida na troca.

Tem evidência axiomática, portanto, que toda transação que não reponha o equivalente trabalho transfere uma quantidade de trabalho. Isso tem dois corolários.  Primeiro que o trabalho transferido viabiliza capitalização humana e material do lado beneficiário.  Segundo que essa capitalização fica incorporada ao equivalente trabalho das produções desse lado beneficiário, passando a requerer também trabalho em troca.  Estabelece-se assim um processo cumulativo.

Dessa seqüência se pode concluir então algo como um teorema:
Toda transação que não reponha o equivalente-trabalho induz um processo cumulativo de transferências de esforço de trabalho.

Mas a transferência indutora desse processo cumulativo deve ter resultado de capitalização prévia, como sua antecessora, e assim por diante. Isto é, há um processo histórico de ampliação de diferenças geradas pela capitalização prévia, que resultam ser diferenças de poder. O poder é isso – capitalização prévia.

Se alcançada a operacionalização dos parâmetros, a progressiva elevação das remunerações pelos recursos naturais e humanos iria reduzindo a remuneração real pela capitalização prévia, ademais de prover recursos para a capitalização nos países hoje dedicados à exportação de recursos naturais e humanos. Além disso,  a disponibilidade de recursos naturais se acha em sua maior parte nos países que os exportam, constituindo-se para eles em uma vantagem a desfrutar, ainda mais com a elevação das remunerações pelos recursos naturais, vantagem que facilitaria a aceleração da capitalização material e humana nesses países.  Essas induções de capitalização nos países exportadores de matérias-primas iriam assim neutralizando os efeitos da capitalização prévia..   

Chegar-se porém à adoção dos parâmetros passa pelo crescimento da ação política nesse sentido.  Mas a realidade que se desvenda pouco a pouco perante a opinião pública vai se sobrepondo à desinformação orquestrada pelo sistema, ampliando a consciência da necessidade urgente de reverter o atual processo, o qual já está aliás sob pressão crescente provinda das quatro frentes tratadas no capítulo 2.

9  –  Em direção ao desenvolvimento generalizável
                        
Há amplo espaço, em qualquer país do mundo, para a redução das diferenças de renda e de padrões de vida.  Mesmo nos países de renda mais alta, há bolsões de pobreza que não precisariam existir. Baran e Sweezy  já haviam argumentado, em Monopoly Capital (Baran e Sweezy, 1966) que nos Estados Unidos, com 2% da renda dos extratos mais elevados se terminaria em pouco tempo com a pobreza no país. Nos países de maior concentração de renda, com 1% da renda dos 10 % mais ricos se dobraria a renda dos 10% mais pobres. Promover um processo de convergência de remunerações e padrões, no quadro do avanço para o desenvolvimento generalizável, poderia portanto ser feito sem traumas ou maiores sacrifícios.

É da essência do desenvolvimento generalizável promover um processo como esse, de convergência de padrões para níveis médios, em que todos pudessem se acomodar. Níveis que, como a informação disponível já permite confirmar, serão satisfatórios, contando com os recursos ainda disponíveis na Terra, que serão ademais potencializados com a cooperação geral que se estabelecerá.  O desenvolvimento generalizável é aquele que possa ser levado a todos; é um avanço progressivo, orientado pela convergência, em direção à equidade; ao mesmo tempo em que, pelo uso mais racional e eficiente dos recursos naturais e humanos, tornaria possível promover a melhoria dos padrões de vida sem aumentar a pressão sobre as disponibilidades de recursos naturais e o equilíbrio ambiental. Em suma, um desenvolvimento social e ambientalmente equilibrado.

No ideário do desenvolvimento sustentável já está a diretriz de não exercer pressão excessiva sobre as disponibilidades de recursos naturais e sobre o meio ambiente, mas sem referência ao como, isto é, sem referir à necessidade de parar a acumulação concentradora, que é a causa das distorções que se pretende eliminar, ou referir a qualquer outra forma de reorientar o processo em seu conjunto, o que reduziu a proposta do desenvolvimento sustentável a uma simples intenção, e a mudanças restritas, sem força para alterar a essência do problema. O ideário do desenvolvimento generalizável incorpora essa essência, partindo da eliminação progressiva da acumulação concentradora, para o avanço progressivo em direção a padrões de equilíbrio – social e ambiental.  

A elevação das remunerações pelos recursos naturais irá provocando várias tendências a melhorar as condições socioeconômicas dos países seus exportadores, ainda que a quantidade exportada tenda a diminuir, pois a diminuição da exportação de recursos naturais é um objetivo em si, enquanto a elevação das remunerações elevará o valor agregado das exportações remanescentes, favorecendo a transformação dos recursos no próprio país exportador. Ademais, a diminuição da apropriação dos recursos naturais é um objetivo a ser alcançado – diminuição que se pretende que prossiga até estar abaixo da taxa de renovação natural de cada recurso.

Já quanto aos recursos naturais não renováveis – os minérios –, a elevação das remunerações retardaria seu esgotamento, dando mais tempo para o desenvolvimento de substitutos, bem como para sua substituição por recursos renováveis.

No caso especial das florestas tropicais, de enorme importância para o equilíbrio ambiental mundial, sua preservação é um objetivo primordial em si. Mas há o interesse econômico pelo aproveitamento das enormes riquezas aí contidas. No contexto da evolução aqui pretendida, no entanto, há solução que conciliaria interesses econômicos, sociais e ambientais, mantendo a floresta em pé. Podem ser adotadas culturas adaptáveis à sombra das florestas, que as há em bom número, havendo também a oportunidade de desenvolver de forma racional a atividade de coleta, que é a verdadeira vocação das áreas florestais, pois a árvore em pé rende muito mais, com seus produtos, que o seu abate para venda de madeira. Além disso, esse tipo de atividade acomoda os indígenas em seu ambiente, pois a eles pode ser reservada a coleta, gerando-lhes renda, sem a necessidadede trazê-los para a nossa “civilização”, onde os esperam a prostituição e o alcoolismo.  Os projetos viários, os de geração de energia e de extração de minérios não são necessariamente incompatíveis com os projetos de preservação ambiental e proteção das comunidades indígenas. Eles podem ser acomodados, com estudos técnicos competentes e negociações honestas. Com o que não há acomodação é com os interesses insaciáveis da acumulação concentradora, pretendendo solos nus para criação de gado e exportação de carne, ou plantio e exportação de alimentos para gado.               

Quanto à elevação das remunerações pelos recursos humanos, isso implicaria a elevação progressiva dos salários de base e a viabilização do acesso e permanência na terra. O aumento dos salários de base iria, pela diminuição das transferências de esforço de trabalho na pirâmide de remunerações, promovendo uma convergência em direção a níveis médios. O recurso à outorga de subsídios assistencialistas, sem mexer nos níveis salariais, se assemelha a uma ação para conter tensões sociais preservando os interesses do modelo exportador, que contribui para gerá-las, pois o aumento de salários encareceria as exportações, não os subsídios assistencialistas, cujos custos são socializados, via aumento do gasto público. Já a ampliação do acesso à terra, ao contrário, afetaria a principal causa de baixos salários e desemprego em nível mundial, que está na grande oferta de mão de obra barata proveniente dos países em que o acesso à terra é dificultado.  Na ótica dos tempos de trabalho, esse aumento das remunerações pelos recursos humanos representaria um progressivo avanço em direção à reposição do equivalente- trabalho, que seria o equilíbrio.

Quaisquer dessas medidas serão justificáveis por si, mas também conducentes ao desenvolvimento generalizável.  Esse processo objetivado no contexto do desenvolvimento generalizável, convergente para uma renda média, é o único viável, pois qualquer afastamento em relação a esse tipo de igualdade impulsionará de novo a reprodução da acumulação concentradora.  O desenvolvimento generalizável é, portanto, além de desejável, necessário.

Até aqui foram comentadas condições de um desenvolvimento generalizável.  Mas como seria a sociedade mundial se já tivéssemos percorrido todo o desenvolvimento generalizável, até chegar ao desenvolvimento generalizado?

10 – O futuro do futuro                      

Em um mundo presidido pelo desenvolvimento generalizado, pode-se presumir quais seriam os mecanismos sociais. A apropriação dos recursos naturais renováveis estaria limitada a sua renovação natural. A apropriação de minérios estaria substituída por recursos renováveis. A apropriação do trabalho estaria condicionada pela reposição do equivalente-trabalho. O valor da hora de trabalho seria seu equivalente-trabalho, isto é, incorporaria o custo indireto da formação profissional.  Os efeitos da capitalização prévia estariam extintos. A acumulação concentradora teria dado lugar à acumulação social. O setor financeiro teria desaparecido. A moeda, então universal, seria a moeda-hora, mas provavelmente sem circulação manual, pois digitada, por partidas dobradas, isto é, nas contas do pagador e do recebedor, inclusive salários, em um banco de horas universal. O juro teria desaparecido, mas não necessariamente o crédito, então sem juro, operado pelo próprio tomador no banco de horas, de acordo com condições pré-estabelecidas. A eficiência do processo produtivo levaria a jornadas de trabalho menores, não ao desemprego. Não haveria guerras, pois haveria sido extinta a motivadora de guerras, que foi sempre a acumulação concentradora. O trânsito internacional de pessoas, mercadorias e dinheiro (este por via eletrônica) seria livre, à exceção de razões sanitárias. Educação e saúde, como qualquer outro serviço público, seriam mantidos pelas contribuições necessárias e suficientes, decididas socialmente e debitadas diretamente no banco de horas. Projetos de investimentos, se de interesse social, seriam pagos como os serviços, mas se de interesse particularizado ou localizado, seriam pagos por seus beneficiários. Devido à enorme expansão do sistema de comunicações, o transporte de pessoas se reduziria a um mínimo, pois a grande maioria das atividades profissionais seriam desenvolvidas do próprio domicílio, e grande parte das viagens, ou mesmo dos espetáculos, seria substituída pelo desfrute através da internet, tudo pago, quando for o caso, via internet e banco de horas. Jornais, livros, filmes, conferências e documentos estariam disponíveis on line, mas a mídia estaria sujeita a conselhos fiscais sociais, para evitar distorções de informação.  

Nesse tipo de sociedade, seriam geradas contradições e conflitos?  Ao nosso nível de entendimento atual, aparentemente não haveria razões para sua ocorrência. Se assim for, com o desenvolvimento sustentado ter-se-ia um longo período de estabilidade social, a menos que a criação de conhecimento, e conseqüente introdução de inovações tecnológicas, tenha sido de tal ordem, que viesse a induzir um novo processo de transformações sociais.  


Referências bibliográficas   
                                                                                                 
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