Após o desmoronar do chamado "campo socialista", permaneceu durante curto período a crença de muitos no triunfo do "campo capitalista", até que este, por sua vez, entrasse também a desmoronar. Gera-se então a confusa situação atual, com o confronto entre os que tentam reanimar o ideário dito de esquerda, com o re-fortalecimento do planejamento governamental , e os que tentam salvar o ideário dito de direita, insistindo na eficiência dos mecanismos de mercado. Emergem entrementes os esforços de países ditos "em desenvolvimento" para aumentar seus produtos nacionais, não importa a que custos, geralmente altos em termos de sub-remuneração do trabalho e dilapidação de recursos naturais. De permeio, principalmente entre os jovens, colhidos pelo desemprego e a falta de perspectivas, multiplicam-se protestos sem definição clara de objetivos, alguns induzidos por "forças ocultas". Existe um denominador comum a todas essas tendências? Não existe. Mas existe um denominador comum a todos os fracassos que conduziram o mundo a essa condição atual de borda do caos, que é a confusão entre desenvolvimento e crescimento, aquele orientado em função do progresso social, em equilíbrio social e ambiental, este promovido justamente pela apropriação predatória de recursos naturais e humanos. E o que foi e tem sido prioritário é a busca constante pelo crescimento, seja nas economias de mercado ou nas de planejamento central, seja nos países do chamado terceiro mundo, ou ainda nas aspirações dos jovens inconformados. Se a consciência dessa causa básica for difundida, ficará também claro o caminho a seguir. Este espaço tem sido destinado justamente a promover a tomada de consciência dessa realidade, dessa distorção que não é apenas atual, embora esteja agora culminando, mas que vem desde a pré-história – a apropriação desequilibrada dos recursos naturais e humanos.
O que tem sido entendido como desenvolvimento é um processo de crescimento, em causação circular entre o aumento de poder e o aumento da apropriação de recursos naturais e humanos. A apropriação de recursos naturais e humanos aumenta o poder de quem a realiza, enquanto o maior poder permite maior apropriação, e assim por diante, através dos séculos. O próprio poder alcançado pela muito maior capacidade cerebral da espécie humana permitiu ao homem escravizar animais, para tração ou alimentos, em seguida escravizar plantas na agricultura, chegando a que os mais armados escravizassem também humanos, e daí por diante o poder dos que possuem armas mais poderosas se amplia constantemente, ainda que variando em formas de poder. Assim, percorremos a escravidão, a servidão da terra, o colonialismo, o imperialismo e o belicismo atual, todos processos de acumulação concentradora, através da apropriação de recursos naturais e humanos, e com o apoio de armas com poder de destruição dantes inimaginável, geradas pelo conhecimento científico, como a desintegração provocada por armas com utilização de urânio empobrecido, ou uso, em massa ou individualizado, de enfermidades letais, ou ainda a capacidade de provocar terremotos a pequenas profundidades, por isso com maior poder de destruição. Que se pretende com esse poder incomensurável de eliminar seres humanos? Como esse processo de acumulação já encontra os limites físicos da disponibilidade mundial de recursos naturais, seria a alternativa diminuir a população, até mesmo pela fome, para que restem recursos para continuar a acumulação concentradora. Uma apropriação de recursos sem outro objetivo senão expandir-se mais. A auto-expansão de um poder que já escapa ao controle de humanos, ao contrário, a que qualquer humano é coagido a ele se submeter.
Em qualquer caso, é inegável, por evidente, a impossibilidade de ser mantido o objetivo de aumentar constantemente a produção de bens materiais. É preciso fazer prevalecer o bom senso. É preciso substituir a mística do crescimento a qualquer custo, cujos custos já de há muito superam os benefícios, pela mística do progresso em equilíbrio. Vários estudos, inclusive das Nações Unidas, fornecem elementos para demonstrar que padrões de distribuição equitativa de recursos, sem desperdícios, viabilizariam uma sociedade mundial de classe média, em que todos poderiam ser acomodados. A isso chegaríamos pela elevação progressiva das remunerações pelos recursos naturais e humanos, uma vez que é da sua sub-remuneração que se alimenta a acumulação concentradora, responsável pela degradação social e ambiental que vivenciamos. Essa, a convergência para padrões médios, é aliás a diretriz fundamental do Desenvolvimento Generalizável.
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