A avaliação feita atualmente do processo entendido como desenvolvimento computa os acréscimos de capital material, como novas unidades de produção, infra-estrutura, etc, mas não tem mecanismos para computar as perdas de recursos naturais.. Assim, as perdas de florestas, e a extinção das espécies nelas contidas, as perdas de solo arável, a poluição do ar e de todo o ciclo das águas, também com extinção de espécies, o degelo das calotas polares, etc, não entram no cálculo econômico. É um gigantesco conjunto de externalidades que, se fossem internalizadas, possivelmente reverteriam a avaliação do processo tido como desenvolvimento. Aliás isso se aplicaria também à avaliação do desempenho de muitas empresas, que exibem eficiência financeira, mas cujos custos que externalizam, se levados em conta, poderiam caracterizá-las como ineficientes socialmente.
Trata-se de uma abordagem não racional de avaliação. Se uma mata é destruída, com todas as suas espécies, o cálculo econômico vai computar eventual venda de troncos de suas árvores, de grãos produzidos em seu solo nu, ou de gado aí criado; enquanto o cálculo não vai computar a perda de um número incontável de espécies vegetais e animais, utilizáveis, se explorados de forma sustentável, como alimentos, medicamentos ou insumos industriais, gerando benefícios permanentemente. Uma perda irrecuperável, ou só recuperável, eventualmente, numa perspectiva de tempo que abarcaria gerações. No Brasil, a gigantesca riqueza natural contida na Amazônia está sendo destruída, para transformar o país no maior exportador mundial de carne e de soja, esta em geral para alimentar gado no exterior, enquanto aliás a população do país tem um dos menores índices de consumo per capita de carne, e se sabe que esse processo pode levar à desertificação da Amazônia. Mas o cálculo econômico registra apenas o bom desempenho das exportações do país e o crescimento de seu PIB. Por outro lado, o patrimônio dos recursos minerais, isto é, dos recursos naturais não renováveis, também vai sendo descapitalizado, mas o sistema segue perseguindo o aumento da produção, que utiliza esses recursos em quantidades crescentes.
Essa omissão dos recursos naturais no cálculo econômico simplesmente está convertendo em renda os recursos naturais, isto é, apropriam-se os recursos naturais como se fossem um bem livre, o que aparece nas estatísticas como aumento da produção e da renda, e não como o que efetivamente é – uma descapitalização do patrimônio de recursos naturais. É um crescimento devorador do futuro. Sempre foi isso.
Se ao menos houvesse uma cobrança adequada pela apropriação dos recursos naturais, sua apropriação predatória seria reduzida, retardando seu esgotamento e gerando recursos para uma possível restauração, além de estimular o desenvolvimento de técnicas que aumentem a produtividade na utilização dos recursos naturais. Mas, ao contrário, sua apropriação se faz a preços que mal cobrem os custos de extração e transporte, às vezes nem isso, requerendo subsídios governamentais para que continuem as exportações. Ademais, a baixa remuneração por esses recursos naturais estimula o crescimento da produção industrial nos países que os recebem, a qual se expande sempre, de há muito já tendo penetrado na produção de uma parafernália de superfluidades, e na promoção do consumismo para escoá-las. Estamos portanto esgotando nosso patrimônio natural para convertê-lo em futilidades.
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